E de repente,
perco-me na minha própria mente. É que está tudo tão confuso. Todas as pessoas
que gostava partiram e as que gosto estão prestes a partir. Eu já não tenho
ninguém seguro, ninguém que eu tenha na marcação rápida, no meu telemóvel, no
caso de acontecer algo. E isto vai-me matando pouco a pouco. A vida começa a
parar de fazer sentido e começo a perguntar-me o que raio estou a fazer aqui.
A minha cabeça dói.
Cada vez se enche mais e mais de pensamentos confusos, ao ponto de parecer que
vai explodir. Ela pesa tanto que tenho de me deitar e fechar os olhos. Mas
piora. Vejo imagens da minha vida quando tudo corria bem, quando sabia o que
era a palavra “sorrir”. E aí a minha cabeça explode pouco a pouco pelas
lágrimas que me escorrem pelo rosto. Cada lágrima com um peso enorme de
lembranças.
Sinto-me fraca. Sem
forças para prosseguir e esquecer tudo isto, começar de novo. Uma vida nova. Já
tentei tantas vezes, mas acabo sempre no mesmo sítio: na fraqueza. Acho que
começo a convencer-me que é este o meu lugar: o fracasso. Então, acho que nem
vale a pena tentar viver. Acho que nem vale a pena distinguir o bem do mal,
porque mesmo tentando praticar o bem, acabo por cair no mal.
Agora sei que o mal
vence sempre o bem, pois o mal faz sempre batota e o bem como quer fazer jogo
limpo, acaba por perder. Talvez seja isso que esteja a acontecer comigo, talvez
o mal esteja a ganhar colocando um Ás no bolso, num jogo de poker, prevendo que
já tem um par deles. E é esse o jogo e é assim que acaba.